Setembro Amarelo: como a prática do ciclismo colabora com nossa saúde integral
17 de setembro de 2021

O mês de setembro chegou. Com ele vem uma grande oportunidade de refletirmos sobre nossos hábitos. Afinal, a campanha Setembro Amarelo joga luz a um tema delicado e ainda um tabu: a prevenção ao suicídio. É um assunto que tem tudo a ver com a importância de cuidarmos da nossa saúde de forma integral: física, emocional e mental.
Mas o que a bicicleta tem a ver com tudo isso? Conversamos com a psicóloga Marisa Markunas sobre o tema. Especializada em psicologia do esporte, ela fez parte da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio, como parte da preparação mental dos atletas do país.
Abaixo ela compartilha algumas dicas, benefícios e reflexões. Confira!
O cultivo do bem-estar ou qual a importância de manter a nossa saúde de forma integral?
Primeiro é importante entender o que é saúde integral, para depois entrarmos no tema da bicicleta. Para Marisa, nós ainda estamos acostumados à ideia da saúde vista de forma separada: a física, a emocional e a mental. Logo de cara ela já mostra que se exercitar é fundamental.
“Saúde é saúde, a mente não existe em outro lugar senão no corpo. Quando falamos de saúde integral, falamos de autocuidado. Pessoas sedentárias estão mais expostas a diversos riscos, alimentam com mais facilidade hormônios que favorecem o desânimo, a alteração do humor, estresse e, logo, crises de depressão”, explica.
Acabamos, muitas vezes, normalizando o estresse, causado por inúmeros motivos, como pressão no trabalho ou problemas na vida pessoal, autocobrança, busca por melhor performance. Tudo isso traz um risco à saúde integral, por isso é necessário pensar em formas de reduzir ou equilibrar isso.
“Estresse é desgaste, de forma resumida. E todo dia a gente faz muita coisa que nos desgasta, corporal e mentalmente. Gastamos energia, mas como fazemos a reposição?”, pergunta Marisa.
“Há um momento que a gente entra num looping. Ao longo da carreira e da vida será necessário balancear. Parar e olhar para o Setembro Amarelo faz bem para refletirmos e olharmos a balança da vida, qual caminho estamos indo e que vida vou levar?”.
Para que o estresse não se acumule e se torne um quadro de exaustão, chamado de burnout, é preciso cultivar o seu próprio bem-estar. Como se você fosse uma planta, um processo em que você dedica algumas horas da sua semana para o seu prazer, para a contemplação, para o equilíbrio. Como fazer isso?
As duas principais são dormir e buscar práticas de lazer e atividades físicas, principalmente.
Os benefícios da bicicleta para o equilíbrio da saúde integral
Dentro da ideia de cultivar experiências de bem-estar, lazer e prazer, a bicicleta entra como uma ferramenta bastante completa, já que agrega em diversos fatores e necessidades da nossa vida – e que tem relação, tanto com as três partes, a corporal, a mental e a emocional.
“A bicicleta traz uma conexão, uma sensação de prazer que é inerente à prática. Temos a produção da endorfina, a possibilidade de fazer uma atividade ao ar livre, segura em tempos de pandemia, de criar vínculos sociais pedalando em grupos”, explica Marisa.
“E tem ainda a questão da competição que pode ser muito saudável, especialmente se excluirmos a pressão e sentimento de culpa”, complementa.
Assim, a prática do ciclismo, seja qual modalidade for, traz pelo menos 6 benefícios:
1- é uma atividade democrática, que une crianças e pessoas adultas;
2- trabalha a questão física, mental, motora e ergonômica;
3 – permite o distanciamento e trabalha a oxigenação;
4 – é uma ferramenta social, favorece a criação de novos vínculos e relações;
5 – diverte e ao mesmo tempo relaxa;
6- limpa a mente e traz satisfação pessoal, conquistas: “eu posso fazer isso”.
Assim como numa trilha de bicicleta, ao longo da vida vamos nos deparar com diversos problemas e contratempos. Podemos chamar especialistas para repará-los, um mecânico para a bike e alguém da psicologia para a nossa saúde integral.
Tudo é um aprendizado, e está tudo bem contar com um suporte, até porque ninguém sobe uma montanha sozinho na primeira tentativa.
O exercício é, para Marisa, tal qual andar de bicicleta na estrada da vida, escolher o caminho do meio, cultivar o equilíbrio. Mantenha a cabeça erguida, pois se baixar por muito tempo você acaba no canteiro. Olhe à sua volta, curta o caminho, tenha o autoconhecimento para se cuidar e, caso não consiga trocar o pneu, peça ajuda. Falar sobre os problemas, e compartilhar, é um exercício de autoconsciência.
De onde surgiu a campanha Setembro Amarelo?
A campanha trouxe à tona, no mundo inteiro, a importância de saber lidar com nossa saúde mental, colocando o tema nos holofotes de forma a quebrar o tabu que faz muitas pessoas evitarem falar sobre o suicídio. É preciso falar, refletir, tornar natural, para saber o que fazer para se manter em equilíbrio.
“Eventos, datas e campanhas como o Setembro Amarelo nos fazem parar para refletir sobre a nossa rotina, é um exercício de autoconhecimento. Quando falamos da prevenção ao suicídio e à depressão, desmistificamos o tema e as formas de como lidar e evitar consequências drásticas, que estão ligadas totalmente aos nossos hábitos”, comenta Marisa.
Aqui no Brasil, a campanha começou em 2014, a partir da parceria entre a Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina, que organizam nacionalmente o Setembro Amarelo. E no dia 10 deste mês, temos o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
Tanto o mês quanto a data foram escolhidos como forma de lembrar a morte de Mike Emme, um jovem dos Estados Unidos que tirou a própria vida em 1994. Ele tinha um carro amarelo e, em seu velório, amigos e familiares distribuíram cartões amarrados em fita amarela com frases de apoios a pessoas que pudessem enfrentar problemas emocionais.