Pedivela single: quando a relação com uma coroa só pode ser boa pra você
24 de fevereiro de 2021

O ciclismo vive em constante evolução e, no mountain bike, essa evolução tem alimentado algumas boas discussões. Uma das evoluções é a chegada do pedivela single, a relação com uma coroa só – que tem se tornado mais do que uma tendência, mas uma realidade na modalidade. Porém, mais do que se adaptar a um novo conceito e uso de uma tecnologia, é preciso entender como isso pode beneficiar o seu pedal. Será que a configuração com apenas uma coroa é realmente indicada pra você?
Ao longo dos anos, no MTB entendeu-se que o câmbio dianteiro era uma das peças mais “complicadas” de lidar: desajusta facilmente, não da para trocar de marcha numa subida íngreme, falta precisão, a corrente cai com certa frequência etc... Resumindo, por mais tecnologia que exista, é uma peça complexa que muitas vezes não funciona como deveria.
E como resolver isso? Diversas ideias surgiram através das últimas décadas. Em 2012 a Sram lançou o grupo XX1, retirando o câmbio dianteiro e compensando com um cassete maior, naquele momento de 11 velocidades e cassete 10-42 dentes. Cerca de 4 anos depois, entendendo que ainda faltava amplitude para se tornar realmente versátil, pois era necessário trocar de coroa para ter mais velocidade final ou marchas mais leves, lançou os grupos Eagle, agora com 12 velocidades e relação 10-50 dentes. A partir daí, o uso de pedivelas com uma coroa acabou se popularizando, trazendo diversos benefícios para quem curte single tracks, cross country e enduro, por exemplo.

Entendendo que os grupos de 12 velocidades das grandes marcas ainda são inacessíveis para boa parte do mercado, recentemente, a taiwanesa Sunrace lançou no mercado brasileiro cassete e câmbio traseiro de 9 velocidades com relação 11X50, algo que deve passar a ser visto nas trilhas brasileiras com mais frequência nos próximos meses.
Menos preocupações e a mesma amplitude
Pra quem pratica mountain bike de verdade, seja em competições ou pegando uma trilha bem técnica, escolher um pedivela single pode ser uma boa.
Por usar um cassete com grande amplitude, dificilmente um mountain biker sentirá falta de uma marcha mais leve ou mais pesada, portanto, dificilmente lembrará que um dia teve um câmbio dianteiro.
Além disso, aquele cuidado redobrado em não cruzar a corrente nunca mais existirá e, junto com ele, praticamente elimina-se o medo de a corrente cair em um trecho mais técnico ou subida.
Sem o câmbio dianteiro, a coroa única pode ser produzida com dentes mais altos, que se encaixam melhor e aderem muito mais à corrente e, somado a isso, os câmbios mais modernos oferecem tecnologias de estabilização do braço, que se assemelham a uma embreagem, que reduz o balanço do braço e reduz ainda mais o risco de queda.
Mais praticidade e simplicidade
Diferente do que muitos afirmam, um sistema com uma coroa também é super indicado para iniciantes, pois simplifica a experiência de pedalar nas trilhas, com apenas um passador.
Com menos peças, os próprios ajustes se tornam mais simples e há menos variáveis para dar problema.
Com apenas uma coroa, você também tem apenas um passador de marcha no guidão, abrindo espaço para outros comandos, como de um canote retrátil, outra tendência que oferece diversas vantagens no pedal como já falamos em outra postagem.
Redução de peso para quem busca mais performance
Ao optar por uma configuração com apenas uma coroa, você elimina um peso considerável, afinal, você não tem mais ali um passador de marcha, conduíte, câmbio dianteiro e as próprias coroas.

É importante você entender, antes de tudo, o seu perfil de ciclista e saber se essa mudança trará benefícios ao seu estilo e tipo de uso.
Existem desvantagens do pedivela single?
A gente já viu que no mountain bike a escolha de uma relação com apenas uma coroa pode ser bem vantajosa pela simplicidade e facilidade do uso, redução de peso e pela praticidade como um todo. Mas quem pedala dentro da cidade, curte pegar um estradão e pedala longas distâncias pode sofrer um pouco com essa escolha.
Apesar da tecnologia com uma coroa só estar cada vez mais próxima de igualar a diferença dos intervalos de marcha, o grande número de combinações possíveis pode fazer falta para alguns nos estradões da vida, onde é importante manter uma cadência e não se pode ter uma marcha muito distante da outra. Principalmente para quem precisa de uma coroa grande para imprimir mais velocidade – nesse caso uma relação com duas coroas ainda pode ser a melhor pedida.

No MTB, um cassete de 12 velocidades (10x51), por exemplo, pode consolidar a sua escolha pelo pedivela single, eliminando o uso do câmbio dianteiro. E o que foi criado como uma solução para atletas de performance, hoje já pode ser encontrado em bikes intermediárias, com 9 marchas por exemplo – como o já citado kit Sunrace. É o ciclo natural das tecnologias no ciclismo, que no decorrer do tempo vão se democratizando e facilitando o acesso a quem pedala por prazer e diversão.
E você, já aderiu a essa tendência? Caso tenha dúvidas, pergunte sempre a um mecânico profissional ou consultor de vendas, para auxiliar nesse processo, até para saber se sua bike é compatível com um upgrade nesse sentido.