Código de trânsito: o que mudou e quais são as boas práticas para uma boa convivência entre ciclistas e motoristas
28 de abril de 2021
O mês de abril trouxe diversas novidades em relação a leis para o tráfego de veículos. E quem pedala não ficou de fora: entre as 57 mudanças que entraram em vigor, duas em especial fazem parte do código de trânsito para ciclistas. As duas alterações que afetam quem utiliza bicicletas são:
- quem deixar de reduzir a velocidade ao ultrapassar ciclistas, estará cometendo uma infração gravíssima – antes era uma infração grave;
- multa para quem estacionar sobre ciclovias e ciclofaixas, o que antes não existia.
É importante lembrar que, antes de tudo, é preciso que haja respeito entre as pessoas. Em qualquer lugar, é claro, mas no trânsito também. Não importa com qual veículo você esteja cruzando nas ruas e avenidas. Seja bicicleta, carro, ônibus, moto ou caminhão, todos têm uma coisa em comum: existe sempre um ser humano no controle.
Por isso, o blog Pedala decidiu trazer hoje uma espécie de cartilha de boas práticas, com algumas dicas do que ciclistas e motoristas de veículos devem fazer enquanto estiverem no tráfego. Confira!
Boas práticas para ciclistas
1 – Utilize itens de segurança
Dois itens são fundamentais para a sua segurança enquanto pedala: capacete e iluminação. Primeiro vamos falar da iluminação. O código de trânsito para ciclistas obriga que as bicicletas tenham refletivos mas, embora sejam muito úteis, não excluem a necessidade de iluminação.
É fundamental que motoristas vejam você enquanto pedala e saibam se você está indo ou vindo. Escolha luzes brancas na frente e vermelhas atrás e dê preferência por utilizá-las piscando – isso facilita a visualização e aumenta a sua segurança.
Outro item extremamente importante é o capacete. Escolha um que se adeque às suas necessidades e ao seu bolso: nas lojas de bicicletas existem diversas opções de qualidade para você.
Óculos e luvas à primeira vista podem não parecer fundamentais, mas acredite em quem pedala há muito tempo: são itens muito úteis. As luvas auxiliam em dois pontos especialmente; o primeiro é dar mais firmeza ao segurar no guidão, e o segundo é minimizar o risco de calos e machucados. Os óculos são importantes mesmo de noite, para evitar a entrada de poeira e sujeira nos seus olhos.
2 – Ande à direita, mas ocupe a faixa
Como as bicicletas atingem velocidades menores do que veículos automotores, é sempre aconselhado andar na faixa da direita. Mas atenção: nada de andar muito no canto. Ocupe a faixa, porque assim os veículos conseguem enxergar você melhor e, ao mesmo tempo, você evita o risco de bater na guia e sofrer um acidente.
É importante deixar claro: ciclista que ocupa a faixa não está infringindo o Código de Trânsito Brasileiro.
Pedalar naquela área destinada para estacionamentos na rua, quando vazias, pode ser uma opção – inclusive para ser simpático com motoristas e deixar a via livre.
3 – Não ande na contramão
A bicicleta é um veículo como qualquer outro, de acordo com o código de trânsito. Desta forma, pela lei não deve circular pela contramão. E isso não está no código por puro capricho, mas para a segurança do ciclista e de outras pessoas é importante levar em conta.
Pense como pedestre: quando você vai atravessar uma rua na faixa, olha apenas para o lado de onde vêm carros e não está esperando um ciclista na contramão. Assim, o risco de acidente diminui. Outro ponto importante é que no caso de uma batida com um carro, o impacto seria potencializado no caso de estar pedalando na contramão (física pura: a velocidade do carro + a velocidade da bicicleta criam uma velocidade relativa mais alta do que a real).
4 – Sinalize sempre
A sinalização é fundamental quando você estiver pedalando pelas ruas da cidade. Não apenas quando for virar em cruzamentos, mas também quando for mudar de faixa e quando for parar. É importante que o sinal com os braços seja bastante visível para carros, motos e veículos maiores.
Nesta mesma linha, evite pedalar em ziguezague, como se estivesse passeando. E isso vale para ruas, ciclovias e também para ciclofaixas de lazer: pedalar em uma única via diminui consideravelmente o risco de acidentes.
5 – Evite pedalar com fones de ouvido
A gente entende que ouvir música pode ser muito relaxante. Mas quando você é ciclista de áreas urbanas, você é parte do trânsito. Por este motivo, é fundamental que você ouça os barulhos à sua volta para se prevenir de possíveis riscos.
Com fones de ouvido, sua audição fica comprometida e o ato de compartilhar a via pode se tornar perigoso.
6 – Escolha bem as vias que for usar
Seja qual for a sua cidade, procure conhecer as rotas que vai fazer com antecedência e sempre dê preferências por ciclovias, caso elas existam onde você mora. Muitas vezes as avenidas principais podem parecer mais rápidas para os seus deslocamentos, mas acredite: dar preferência por via mais calmas, especialmente se você estiver começando a pedalar na cidade, é uma ótima opção.
Como já dissemos, o código de trânsito para ciclistas permite que pedalemos nas vias que quisermos. Mas é prudente procurar caminhos mais tranquilos, em que automóveis andam mais lentos e diminui o risco. É um erro pensar no seu deslocamento fazendo a lógica como se você estivesse diriginido carro: a dinâmica da bicicleta é diferente.
Boas práticas para motoristas
1 – Diminua a velocidade ao passar por ciclistas
Já dissemos no começo desse texto: não reduzir a velocidade, de forma compatível com a segurança no trânsito, se tornou infração gravíssima. A multa saltou de R$ 195,23 para R$ 293,47.
Apesar da dor no bolso, a gente acredita que tem um fator muito mais importante para que você diminua a velocidade. A bicicleta não é apenas um amontoado de alumínio, existe uma pessoa em cima dela, que também tem família, amigos, sonhos – exatamente como você. O respeito a todos os seres humanos é algo que acreditamos ser fundamental para uma vida em sociedade saudável.
2 – Dê preferência ao ciclista
Existe uma máxima no Código de Trânsito Brasileiro que não é apenas lenda, mas está na lei. O artigo 29 diz textualmente que “...os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres”.
Se você, assim como nós, não sabia o que é incolumidade, já procuramos no dicionário: é segurança, integridade. Sendo assim, está na lei: a preferência nas vias de tráfego são sempre do ciclista em relação a carros, motos, ônibus e caminhões.
Então, segure um pouco o freio, deixe o ciclista realizar a travessia e todo mundo chegará com segurança ao destino.
3 – Mantenha distância de 1,5m
Também está no código de trânsito que a distância lateral entre carros, motos e as bicicletas deve ser de no mínimo 1,5m. Mas por quê essa distância deve ser protegida? Na verdade, como praticamente todas as leis de tráfego, o objetivo é salvaguardar as vidas das pessoas que circulam pelas ruas.
Para quem não pedala, pode ser difícil entender. Mas um simples toque do retrovisor de um carro no braço de quem está na bicicleta pode ocasionar uma queda – e aí, estando no meio da rua, essa queda pode ter consequências muito graves.
Entendemos que, muitas vezes, as ruas das cidades não dão o espaço necessário para que se dê a distância de 1,5m. Em casos como este, volte à dica 1 dessa cartilha de boas práticas: diminua a velocidade e passe com cuidado ao lado da pessoa que está pedalando.
Não é tão difícil termos uma cidade mais humana, segura e que proporcione bem estar para todos os cidadãos e cidadãs. Muitas vezes, a pessoa que está dirigindo um carro nem percebe que está fazendo algo que coloque ciclistas em risco. Mas quando você está em cima da bicicleta sabe que qualquer descuido pode ser fatal.
Estarmos em segurança na rua passa por todos nós. Vamos juntos criar um trânsito mais racional?